SUPERMAN: A SÉRIE ANIMADA DA RUBY-SPEARS

“Superman” foi uma série animada lançada em 1988, ano em que o Homem de Aço estaria completa do seu 50ª aniversário de criação e produzida pela dupla de Produtores executivos chamados Joe Rubi & Ken Spears, proprietários da Ruby-Spears Enterprises para a Warner Bros. Television, e que foi transmitida na CBS apresentando o Super-Herói da DC, juntamente com a primeira temporada da série de TV live-action do Superboy.

O resultado final foi uma série surpreendentemente enérgica e cheia de ação, com roteiros que mantinham a essência do Superman, além de trazer elementos da trilha sonora clássica do Superman de 1978, composta pelo maestro John Williams, embora retrabalhada para a TV pelos compositores Ron Jones e Tom Worral. Outra particularidade da série era a sequência de abertura, que mostrava a mesma narração da série de televisão “Adventures of Superman” (As Aventuras do Superman), estrelado pelo ator George Reeves e lançado na década de 1950, em meio a várias cenas do Homem de Aço utilizando seus poderes.

Joe Rubi & Ken Spears

Essa série foi a terceira produzida com o Superman em aventuras solos, sendo que a primeira foi produzida pela Fleischer Animations, entre os anos de 1941/1943, antes dela ser sucedida pela Famous Studios, a segunda foi produzida pela Filmation, entre os anos de 1966/1970 intitulada “The New Adventures of Superman” (As novas Aventuras do Superman).

Já a produzida pela Ruby-Spears Enterprises foi a primeira a ser produzida após a reformulação realizada pelo roteirista/desenhista canadense John Byrne, do qual já falamos aqui & aqui, além de ter uma certa influência dos filmes dirigidos pelo diretor Richard Donner.

Para comandar a equipe de roteiros da série, composta por talentos do calibre de Cherie Wilkerson, Michael Reaves, Larry DiTillio, Buzz Dixon e Martin Pasko, foi chamado o veterano e talentoso roteirista Marv Wolfman, enquanto que para criar os designs de todos os personagens foi chamado o quadrinista Gil Kane, responsável pela arte de várias HQs do Superman, entre todos os designs, o que mais chama a atenção é o do próprio Homem de Aço, que tem as feições do Christopher Reeve, aquele considerado por muitos como a melhor representação do Último Filho de Krypton em live-action.

Marv Wolfman, Michael Reaves, Larry DiTillio, Buzz Dixon e Martin Pasko, alguns dos roteiristas da série

Embora as características do Superman estivesse de acordo com as encarnações licenciadas anteriores dos personagens, como por exemplo, o Superman já demonstrar seus poderes desde a infância, ter uma capa confeccionada em tecido kryptoniano , o que a deixava indestrutível, e Lex Luthor se referido a si mesmo como um “Cientista criminoso”, a série foi notável por introduzir a concepção criada pelo roteirista Marv Wolfman, para a versão do Lex Luthor apresentada na reformulação do Superman nos quadrinhos.

Na animação Luthor foi retratado como um bilionário que possuía um anel moldado com uma pedra de kryptonita, que ele usou para impedir o Superman de se aproximar dele, e assim como nas HQs, todos os crimes cometidos pelo Lex são executados de tal maneira que é impossível de conseguir provar que o Lex seria o mandante. Além de trazer sua versão quadrinistica do Lex Luthor, Wolfman ainda misturou as características dele com a versão interpretada pelo ator Gene Hackman nos filmes em live-action.

Superman, Lois e Luthor

Outros personagens incluíram Cybron, um conquistador vindo de um futuro longínquo, totalmente composto de energia, que era para ser uma versão de Brainiac, porém como o Supervilão ainda não havia sido apresentado no novo universo criado pelo Byrne, a Warner Bros. não deu permissão para que a Ruby-Spears utiliza-se o nome Brainiac, também tivemos uma nova versão do trio de criminosos kryptonianos presos na Zona Fantasma, desta vez composto pelo General Zod e suas companheiras, a Faora e a Ursa. Faora era uma personagem exclusiva das HQs, tendo sido criada em 1977, já a Ursa foi criada, praticamente na mesma época que a Faora, sendo que no caso da Ursa ela foi criada, exclusivamente para o filme de 1978, então devido as duas vilãs kryptonianas serem praticamente a mesma personagem essa participação na série do Superman foi a única vez em que as duas apareceram juntas. Temos as participações dos vilões Galhofeiro e o Ladrão das Sombras.

General Zod acompanhado por Ursa e Faora

No âmbito de personagens clássicos tivemos o jovem fotógrafo Jimmy Olsen, usando sua tradicional de aparência gravata borboleta, o editor-chefe do Planeta Diário Perry White, a Lois Lane mantendo sua identidade como uma mulher assertiva com iniciativa, tanto em estilo quanto em suas atitudes jornalísticas. além do casal Jonathan e Martha Kent, pais adotivos do Superman.

De todas essas participações a mais marcante foi a da Mulher-Maravilha no 8ª episódio, intitulado “Superman and Wonder Woman vs. The Sorceress of Time” (Superman e Mulher-Maravilha contra a Feiticeira do Tempo), essa foi sua primeira aparição fora das HQs desde a temporada final da série animada dos “Super Friends” (SuperAmigos) e sua reformulação Pós-Crise nas Infinitas Terras. Além de agora possuir o poder de voar, o que fazia com que ela não precisasse mais do famoso Avião Invisível, ela tinha os cabelos ondulados causando um alinhamento com a versão dela apresentada pelo roteirista/desenhista George Pérez. Te todo o Panteão de personagens da DC, a Mulher-Maravilha foi a única que fez uma participação na única temporada da série.

Superman e Mulher-Maravilha

Também temos as participações de uma nova personagem da série, a loira Jessica Morganberry, que aparentava ser uma espécie de secretária, governanta e namorada de Lex Luthor, com quem ele sempre confidenciava seus esquemas criminosos. Ela era claramente inspirada na personagem Srta. Tessmacher, a namorada do Luthor apresentada no longa Superman, lançado em 1978.

Os episódios de “Superman” tinham cerca de 23, sendo que 19 minutos são para a história principal e os 04 últimos minutos de cada episódio para um segmento intitulado “Álbum de Família do Superman” (Superman Family Album), além das desventuras causadas pelo pequeno Kal-El nos primeiros episódios, os segmentos contaram com ritos de passagem, como o primeiro dia de Clark Kent na escola, um acampamento noturno de escoteiros, obtenção de uma carteira de motorista, seu primeiro encontro amoroso, a formatura do ensino médio e, finalmente, sua estreia como Superman. Quem teve a ideia da criação desses segmentos veio de Judy Price, o então Chefe da Divisão “CBS Kids”.

Álbum de Família do Superman

Infelizmente, a série não teve uma vida longa, ela teve apenas 13 episódios lançados, indo de 17 de setembro até 10 de dezembro de 1988, o que causou sua súbita “morte”, foram as restrições orçamentárias, já que os custos de produção eram muito grandes para os padrões da Ruby-Spears, também teve o marketing ruim realizado e, principalmente, as altas taxas de licenciamento que eles tinham que pagar para a Warner Bros. fizeram com que o show acaba-se, e certamente não ajudou o fato de o Superman ter tido um fracasso total com o 4ª longa de cinema do personagem, o “Superman IV: Em Busca da Paz” (Superman IV: The Quest for Peace).

E assim o Superman da Ruby-Spears desapareceu, afundando em um limbo onde apenas os fãs mais hardcore do Superman saberiam de sua existência. Até hoje penso em como teria sido uma 2ª temporada dessa série, com mais episódios contendo mais participações de outros Super-Heróis, como Batman, Lanterna Verde, a Liga da Justiça toda. Fora as adaptações de outros Supervilões como Darkseid, Metallo, Ms. Mxyzptlk, a Intergang e o Parasita.

Quando a série chegou ao território nacional recebeu a dublagem da famosa Herbert Richers, com as vozes de André Filho como Clark Kent/Superman, Carmen Sheila como Lois Lane, Antônio Patiño como Perry White, Manolo Rey como o jovem Jimmy Olsen, Dario Lourenço e Elza Martins como Jonathan e Martha Kent, Ilka Pinheiro como Diana/Mulher-Maravilha e o Orlando Drummond como Lex Luthor, para a narração de abertura foi escalado o dublador Paulo Flores.

Alguns dos dubladores: André Filho, Carmen Sheila, Antônio Patiño, Manolo Rey, Orlando Drummond, Ilka Pinheiro e Paulo Flores

De todas essas vozes, duas já eram conhecidas dentro do Fandom do Superman, a primeira era a voz do André Filho, que já havia dublado o Kal-El nos 04 filmes estrelados pelo Christopher Reeve, e a Carmen Sheila, que deu voz a Lois da Margot Kidder na segunda dublagem, ocorrida em 1993 na Herbert Richers, do longa “Superman IV: The Quest of Peace”.

Em relação a mídia física, em 03 de novembro de 2009 a Warner Home Video, juntamente com a DC e a Warner Bros. Family Entertainment lançaram o DVD “Superman”, contendo 02 discos, um com a primeira temporada completa e outro com extra sobre a LexCorp.

No Brasil “Superman” teve sua primeira exibição na TV Aberta em 1989 nos programas matinais do SBT, depois a série foi para a Record e por fim passou no canal pago Cartoon Network. Hoje a série se encontra no catálogo de produções da DC exibidas pelo Streaming HBO Max.

Como fã incondicional do Superman, amei quando o SBT trouxe essa série para o Brasil, e ao mesmo tempo que amei senti muita tristeza ao saber que só existiam 13 episódios.

E depois de mais de 30 anos voltei a sentir a alegria e o amor por essa série, ao descobrir que ela estava no HBO Max, quem tiver o Streaming e for fã de uma ótima animação, recomendo que assista.

Bom, vou me despedindo. Até a próxima semana amigos(as).

 

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  • Bruno Castro

    Eu sempre achei q essa animação adaptaria a era pós crise do Superman, mas lendo agora e sabendo que existe o Zod vejo que não foi totalmente. Não lembro quando voltaram atrás com os outros sobreviventes de Krypton nos quadrinhos. Porque a Supergirl Pós Crise era a matrix por um bom tempo. Chuto que foi na fase pós Geoff Johns e chuto ainda que Smallville ajudou a trazer de volta, pois na série já indicava o Zod e outros elementos que estavam sumidos. Realmente, pena que n teve 2 temporada

    • Joselio Bezerra

      Bom dia Bruno, obrigado pelo comentário, mostra que você curtiu o meu texto.

      Essa versão do Superman englobou não apenas a era Pós- CIT, ela tem vários elementos das eras anteriores do Kal-El, e entre esses elementos temos os criminosos da Zona Fantasma, o pequeno Kal-El já chegando a Terra com superpoderes, entre outros.

      Acho que o Wolfman e demais roteiristas, não queriam se afastar tanto do passado do Superman, em contrário ao que o Byrne fez.

      Sobre o acréscimo de novos kryptonianos na mitologia Pós-Bryne, não foi na fase do George Johns, isso ocorreu na época em que o Jeph Loeb era o roteirista da HQ “Superman/Batman”, onde o Loeb reintroduziu a Kara Zor-El na continuidade, na edição #08 em maio de 2004 (nos USA).

      Já o Geoff Johns entrou nos roteiros do Homem de Aço em “Superman: The Man of Steel” #121, de fevereiro de 2002 (USA), mas só foi mexer com o passado do Kal-El em “Superman: Secret Origin” #01, lançado em novembro de 2009 (USA).
      E pra completar, você não errou sobre a série “Smallville”, já que muitos conceitos apresentados lá vieram do Jeph Loeb, que por um bom tempo foi roteirista da série, além que quando Zod e os demais kryptonianos apareceram vivos, na 9ª temporada em 2008, o conceito de mais sobreviventes de Krypton já tinha aparecido nas HQs, com a Supergirl do Loeb.