A HISTÓRIA DA SÉRIE DE TV DO BATMAN (PARTE I)

Se eu lhe falar de um produção que tem um tema musical instantaneamente reconhecível, várias armadilhas mortais ultrajantes, gadgets engenhosos, um exército de vilões e belíssimas Femme Fatales e um fenômeno da cultura pop incomparável por gerações, vocês pensariam imediatamente em James Bond, certo?

Pensou errado ota… Ops, leitores, estou falando da série de TV do Batman, produzida em 1966, que praticamente definiu a adaptação dos quadrinhos para as próximas três décadas com seu talento visual distinto e desfile de convidados famosos, mesmo enquanto caminhava na tênue linha entre a adaptação amorosa e a paródia direta.

O momento que essa série saiu foi durante o movimento hippie, a contracultura, o psicodélico e a revolução dos costumes, tudo isso usado para balançar os valores estabelecidos na década de 1960.

“A Feiticeira”(Bewitched – 1964), “Os Monstros” (The Munsters – 1964) e “Jeannie é um Gênio” (I Dream of Jeannie – 1965)

Eram os anos das cores fortes e vivas, do Paz & Amor, da sátira impiedosa ao “stabilishment”, nada estava salvo de ser tocado por esse movimento. Enquanto tudo isso acontecia, na TV as séries tinham o objetivo de divertir as famílias e os pré-adolescente. Para isso os Estúdios inundaram a TV de comédias tipo “A Feiticeira”(Bewitched – 1964), “Os Monstros” (The Munsters – 1964) e “Jeannie é um Gênio” (I Dream of Jeannie – 1965) entre tantos outros.

Vendo esse sucesso das séries cômicas a DC procurou a 20th Century Fox para encomendar uma série sobre o Batman, personagem que já havia tido duas cinesséries (que eram filmes divididos em 15 capítulos, exibidos antes da sessão do cinema) produzidas nos anos de 1940.

A 20th Century Fox por sua vez entregou o projeto a William Dozier e sua produtora Greenway Productions, por sua vez o Dozier resolver levar o amargurado Batman por esse lado mais cômico, assim ele misturou as cores e as onomatopeias das HQs, os clichês das antigas cinesséries dos anos 1940 e toda a estética psicodélica dos anos 1960, tudo isso com muito exagero resultando em uma das séries mais famosas da TV. Enquanto isso os canais ABC, Fox e a própria DC estavam esperando um seriado mais “descolado” e moderno, porém sem deixar de ser sério.

William Dozier, produtor da série

O grande problema é que o Dozier nunca havia lido uma única HQ só em toda sua vida e após ler alguns exemplares de Batman, concluiu que a única forma de fazer a adaptação funcionar seria produzi-la como uma comédia pop-art exagerada…ou como foi batizada anos depois, uma comédia “camp” (estética exagerada e com humor).

Para escrever o roteiro do episódio-piloto, o Dozier chamou o escritor Eric Ambler, autor de romances de espionagem, porém quando ele soube qual seria a abordagem adotada pelo produtor para a série, desistiu do projeto na mesma hora, fazendo com que “Batman” fosse lançado sem um piloto oficial.

Lyle Wagoner e Peter Deyell em cenas-testes para os papéis de Batman e Robin

Em relação ao elenco principal, talvez vocês não saibam, porém foram feitos testes com duas duplas de atores: uma com Adam West e Burt Ward e outra com os atores Lyle Wagoner e Peter Deyell e se você for leitor assíduo do site, já sabe que o Lyle foi o escolhido para interpretar o Major Steve Trevor na série “Wonder Woman“.

No final dos testes, os escolhidos foram Adam West (1928-2017) para o papel de Bruce Wayne/Batman, trajando uma fantasia de lycra que mostrava, de forma evidente, sua falta de forma. Um das pessoas que mais ficou feliz com a escolha do West foi o criador do Batman, o cartunista Bob Kane, ao criar o Cavaleiro das Trevas, juntamente com o Bill Finger, eles tinham imaginado o personagem tendo cerca 1,88 cm, coincidentemente a mesma altura que o West tinha. West havia atuado na série “The Dectetives” (1959-1962) que se tornou cult. Para o papel do Cavaleiro das Trevas, West deixou de lado o perfil vitaminado e cheio de nuances, adotando uma performance mais ingênuo e colorida.

Adam West e Burt Ward escolhidos como Bruce Wayne e Dick Grayson

Para o papel de Richard “Dick” Grayson/Robin, foi escolhido o Burt Ward cuja principal marca era quase sempre iniciar suas grandes com a expressão “Santo (a) alguma coisa” quase como um tic nervoso. Tal tic foi levado para as séries animadas do Batman, produzidas pela Filmation e na série animada dos “SuperAmigos” da Hanna-Barbera, ambas da década de 1970.

West e Ward estrelaram uma série de aventura com cerca de 120 episódios e que foi ao ar entre os anos de 1966 a 1968, mostrando tramas de investigação e movimentadas cenas de ação, apesar das limitações orçamentárias da época, porém sem exibir sangue e violência explícita. A principal característica de “Batman” era exatamente o teor humorístico e a diversão anárquica, com as famosas onomatopeias explodindo na telinha toda vez que o Batman e o Robin se envolviam em cenas de briga, um verdadeiro deleite visual.

Para escrever o roteiro do episódio-piloto, o Dozier chamou o escritor Eric Ambler, autor de romances de espionagem, porém quando ele soube qual seria a abordagem adotada pelo produtor para a série, desistiu do projeto na mesma hora, fazendo com que “Batman” fosse lançado sem um piloto oficial.

Com alguns episódios já finalizados, a ABC resolveu fazer algumas exibições testes com audiência privada e os resultados foram péssimos. Porém como já havia tido um alto valor de investimento na produção, a ABC decidiu colocar no ar, assim no dia 12 de Janeiro de 1966 estreava o colorido e camp “Batman” na TV americana. Os fãs mais adultos das HQs do Batman detestaram a série, no entanto o público mais infantil simplesmente amou o show.

O icônico Batmóvel

Agora vamos falar de um dos itens mais icônicos, em qualquer mídia do Batman, o Batmóvel. As preparações para sua construção iniciaram ainda em 1965, quando a 20th Century Fox Television e a Greenway Productions de William Dozier contrataram o renomado customizador de carros de Hollywood Dean Jeffries para projetar e construir o Batmóvel para a série de TV do Batman, inicialmente Dean começou a customização de um Cadillac 1959, porém antes dele concluir o estúdio mudou o cronograma e decidiu colocar a série no programa no ar em janeiro de 1966, para isso precisaria iniciar as filmagens mais cedo do que ele poderia fornecer o carro, com isso Dean saiu do projeto que foi passado para as mãos de George Barris.

Com apenas três semanas para construir o Batmóvel, Barris decidiu que, em vez de começar a construção do zero, seria relativamente mais fácil transformar um distinto Lincoln Futura, um carro-conceito construído em 1955 pela Ford Motor Company, Bill Schmidt, Doug Poole Sr. e John Najjar e sua equipe de design no Lincoln Styling Department, no famoso veículo de combate ao crime. O trabalho de design foi conduzido por Herb Grasse, trabalhando como designer associado para Barris.

Para as modificações no corpo do Futura, Barris contratou Bill Cushenbery, com essa ajuda sua conversão foi concluída em apenas três semanas, a um custo relatado de 30.000 mil dólares. Barris manteve a propriedade do carro, estimado em 1966, em cerca de 125.000 mil dólares, ele o alugou para a 20th Century Fox e Greenway Productions para ser usado na série.

Porém com o início das gravações, vários problemas começaram a surgir, principalmente devido à idade do carro, problemas como superaquecimento do motor, falhas na bateria, além de que os caros pneus, da marca Mickey Thompson, falharam repetidamente. Para tentar sanar esses problemas, no meio da temporada, o motor e a transmissão foram substituídos pelos de um Ford Galaxie. Entre todos as influência visual que esse Batmóvel deixou para os demais, usados nos futuros filmes, foi seu característico propulsor de foguete traseiro que dispara quando o carro é ligado.

Em novembro de 2012, Barris Kustom anunciou a venda do Batmóvel no salão de carros Barrett-Jackson e leilão realizado em Scottsdale, Arizona, e em 19 de janeiro de 2013, o lindo Lincoln Futura, transformado no Batmóvel foi vendido por cerca de 4,2 milhões de dólares.

No próximo texto trarei informações sobre a utilização do Batcóptero e da Bat-lancha e sobre o elenco da série, então nos veremos, em breve, nesse mesma Bat-hora e neste mesmo Bat-site.

Você pode gostar...