REVIEW DE JLA: TOWER OF BABEL

Logo depois da fase escrita pelo Grant Morrison, a DC contratou o roteirista Mark Waid e a dupla de desenhistas Howard Porter e Steve Scott para desenvolver uma história focada na paranoia do Batman, um homem extremamente inteligente, que elabora planos de contingência para deter seus próprios amigos da Liga da Justiça.

A trama, denominada de “Torre de Babel” (Tower of Babel), se desenvolveu entre as edições “JLA #43-46” e “JLA Secret Files #03”, publicados entre julho e outubro de 2000, no Brasil a saga foi publicado nas edições “Superman Premium #17”, em dezembro de 2001, publicado pela editora Abril, depois ela foi republicada na “DC Comics: Coleção de Graphic Novels #04” em novembro de 2014, pela editora Eaglemoss, por último ela saiu em “A Saga da Liga da Justiça: 1ª Série – #12 & #13”, de julho e setembro de 2023, agora publicada pela editora Panini.

Mark Waid roteirista da saga, acompanhado pelos desenhistas Howard Porter e Steve Scott

Preocupado com o tamanho do poder dos membros da Liga da Justiça, Batman desenvolve arquivos pessoais com planos de contingência para o caso de alguns membros da Liga, ou o grupo todo, fosse de alguma forma corrompido, no entanto esses planos acabam nas mãos de um dos seus maiores inimigos, o Ra’s Al Ghul, também conhecido como “O Cabeça do Demônio”. Após adapta-los consegue incapacitar todos os membros da Liga, quase matando vários membros.

Tudo isso pelo simples motivo de que Ra’s estava descontente com a maneira com que a humanidade estava lidando com a natureza do planeta, como forma de parar a degradação da natureza Ra’s pretende por em ação um plano de impossibilitar a comunicação oral e escrita no planeta inteiro, através de uma arma poderosa que utiliza transmissões de ondas ultrassônicas. Com isso, uma pessoa não é capaz de entender o que a outra fala, mesmo que estejam usando o mesmo idioma e para evitar que a Liga da Justiça intervenha, ele utiliza os planos do Bruce para derrotar o grupo através de um amplo ataque coordenado.

As edições estadunidenses e brasileiras onde foram publicadas da saga.

Eles começam quando o Bruce vai visitar o túmulo de seus falecidos pais, porém para sua surpresa, o túmulo dos Waynes está aberto e os caixões de seus pais não estão mais lá. Para iniciar esses ataques, o Ra’s manda sua filha Talia Al Ghul para “silenciar” o Caçador de Marte, considerado um dos membros mais poderosos da Liga da Justiça.

Para isso, o Super-Herói marciano é coberto por nanitas que convertem a camada externa de sua pele em magnésio, fazendo-o entrar em combustão em contato com o ar. Enquanto isso  a Mulher Maravilha, e o Flash que atuava na época, se dirigem até uma floresta que está sendo consumida pelo fogo, porém ao entrar na floresta, a dupla veem alguma coisa correndo em chamas e sem direção e nesse exato momento eles percebem que aquele na verdade é o J’onn J’onzz pegando fogo.

J’onn J’onzz, o Caçador de Marte, sofre o 1ª ataque

Para poder sobreviver, ele passa a utilizar uma roupa hermética atlante cheio de água, fornecida pelo Aquaman, enquanto espera que suas células voltem ao normal. Batman não previu essa solução, já que ele não esperava que o J’onn sobrevivesse tanto tempo à sua maior fraqueza.

Já na sede da ONU temos uma reunião que deve ser discutida cuidadosamente, pois os assuntos em pauta podem acabar gerando uma guerra, porém a reunião acaba sendo interrompida quando o Aquaman e o Homem-Borracha estão sendo perseguidos pelos agentes de Talia Al Ghul.

Um dos agentes consegue atingir o Aquaman com uma bomba contendo um gás que o derruba e o incapacita de lutar, já que esse gás, que é derivado do Gás do Medo, do Espantalho, faz com que o Rei de Atlantis fiquei hidrofóbico e passe a temer a água, o elemento fundamental para sua sobrevivência, já que sem esse preciso líquido ele morre em pouco tempo.

Aquaman e Homem-Borracha são atacados na ONU

Para evitar isso, J’onn usa sua telepatia para fazer com que Aquaman acredite está em um deserto sem água, enquanto que no mundo real ele está sendo hidratado em um tanque cheio de água. Ao mesmo tempo outro agente consegue congelar o Homem-Borracha, que é quebrado em inúmeros pedaços por outro agente do Ra’s usando um martelo.

Preocupados com o silêncio do Lanterna Verde, que nessa época era o Kyle Rayner, Diana e Wally vão até seu apartamento. Lá os dois descobrem que Kyle está cego devido a um comando pós-hipnótico dado ao seu Anel, enquanto ele estava dormindo.

Como Kyle é um desenhista ele é incapaz de construir seus constructos sem a visão para orientá-lo, inesperadamente o apartamento é atacado por Talia e seus capangas, e um deles secretamente lança um chip de realidade virtual contra Diana, fazendo com que ela veja uma inimiga que pode lutar contra ela de igual para igual, Diana se recusa a desistir, mesmo que essa batalha custe sua vida já que todo esse esforço ininterrupto faz com que ela tenha o risco de ter uma parada cardíaca.

Enquanto isso o Flash é atacado por um projétil vibratório especialmente construído para atingir na parte de trás do pescoço do Flash, levando-o a sofrer ataques epiléticos na velocidade da luz, embora a agonia tenha durado apenas 22 minutos, a conexão de Wally com a Força de Aceleração fez parecer que o sofrimento se estendeu por meses a fio.

Para derrotar o membros mais poderoso da Liga, os asseclas de Ra’s expõe ele a um isótopo artificial de kryptonita vermelha desenvolvida pelo Batman, sua radiação torna a pele do Homem de Aço transparente, o que faz com que seu corpo tenha um aumento absurdo de absorção de energia solar, causando uma sobrecarga sensorial à medida em que seu corpo, sem a pele agindo como filtro, absorve uma grande quantidade de energia solar, quase fazendo com que o Superman perca o controle de seus poderes. Nesse estado Kal-El consegue ouvir e ver todas as conversas na Terra, mesmo estado dentro da Torre de Vigilância, localizada na Lua.

Nesse ponto temos os ataques ao Lanterna Verde, Flash, Mulher-Maravilha e ao Superman

Mesmo tendo sinto um ataque breve, conseguiram incapacitar toda a Liga da Justiça, por tempo suficiente para que Ra’s ponha em pratica seus planos. Recuperada, a Liga além de ter que se preparar para realizar seu contra-ataque contra Ra’s, também tiveram que lidar com todas as consequências, decorrentes do ataque ao centro de linguagem do cérebro humano, mediante uma frequência sonora, lançada pelo vilão, que fez da escrita um embaralhado de letras e símbolos sem sentido, além de afetar o centro da fala, causando uma verdadeira pandemônio.

Enquanto a Liga era atacada por todos os lados, o Batman foi atrás do túmulo de seus pais e com isso, acaba descobrindo que além do Ra’s está com os caixões, é dele que vem os ataques. Depois de “forjar” sua morte, Batman consegue se disfarçar como um dos capangas do Ra’s consegue, secretamente, sair da base, mas durante a fuga, o Homem-Morcego se depara com o Homem de Aço, logo depois eles se encontram com os outros membros da Liga. Lá eles descobrem que os ataques sofridos vieram de planos feitos pelo Batman, planos esses roubados por Ra’s. Enquanto isso acontece, o J’onn e o Aquaman descobrem que não estão mais sofrendo as sequelas dos ataques.

Ao perceber o que seu pai realmente quer fazer, Talia se volta contra ele e decide ajudar a Liga, passando importantes informações para que eles vençam essa batalha. De volta a Torre de Vigilância, a equipe, com exceção do Batman, começam um julgamento para decidir se o Cavaleiro das Trevas irá, ou não, permanecer na equipe. O resultado da votação foi a saída do Batman da Liga da Justiça.

Momento em que a máquina do Ra’s afeta os centros da fala e da leitura dos humanos

O arco “Liga da Justiça: Torre de Babel” é uma das histórias mais celebradas da era contemporânea da DC. Uma HQ que consegue expandir a composição do Super-Heróis, focando no medo e nas fraquezas de cada um, principalmente nos medos que o Bruce tem, ela tem uma carga realista que demonstra o medo e apreensão de um mundo dominado por Supervilões e da validade da utilização de qualquer medida externa com o intuito de evitar que isto ocorra.

Sem dúvida, uma história que aflora mais o lado humano do que heroico dos personagens. Aqui a luta vai além de conter a calamidade global causada pelo Ra’s Al Ghul, ou de lidar com os planos de contingência do Batman, o inimigo real é invisível, pois não a nada pior que travar uma guerra contra si mesmo.

Julgamento pela expulsão do Batman da Liga da Justiça

“LJA: Torre de Babel” consegue ser um quadrinho dinâmico, com um ritmo frenético, que mal nos dá tempo para respirar, ao mesmo tempo ele possui uma leitura rápida e dinâmica, ela se torna quase obrigatória para os fãs de HQs em geral.

A criação da dupla Mark Waid e Howard Porter chegou a ser colocada na posição 14ª posição na lista das 25 Maiores Histórias do Batman, a lista foi publicada pelo site IGN, que ainda afirmou que:

“A história de ‘Justice League: Tower of Babel’ examina de modo convincente as profundezas da paranoia do Batman, mas também desperta admiração por sua premeditação”.

Fora do mundo quadrinistico, a história foi parcialmente adaptada em um excelente longa animado chamado “Justice League: Doom” (Liga da Justiça: A Legião do Mal – 2012) que teve o roteiro adaptado pelo saudoso Dwayne McDuffie.

No longa a ideia é basicamente a mesma, entretanto algumas mudanças foram realizadas em relação à HQ, como por exemplo o vilão principal, no filme quem elabora o plano de destruição da Liga da Justiça é o imortal Vandal Savage, que com o auxilio do Mestre dos Espelhos invade a Batcaverna e rouba os dados secretos do Batman sobre seus companheiros usando tecnologia da LexCorp. Atualmente o longa pode ser visto no serviço de Streaming Max.

Banner do longa animado “Justice League: Doom”

Você pode gostar...