CONHEÇAM A TRAJETÓRIA DO ARQUEIRO VERDE (PARTE I)

Hoje falaremos sobre o personagem Arqueiro Verde (Green Arrow), o alter-ego de Oliver Jonas Queen um rico empresário, CEO da Queen Industries em Star City.

O personagem foi criado pela dupla Mort Weisinger e George Papp. Quando o Weisinger estava criando o personagem, além das óbvias alusões a Robin Hood, ele se inspirou em um seriado de cinema, chamado “The Green Archer”, que já era baseado no romance de mesmo nome, escrito por Edgar Wallace, ele também reformulou o conceito em que um arqueiro se tornaria um Super-Herói, com claras influências no personagem Batman, lançado em 1938.

Mort Weisinger e George Papp, criadores do Arqueiro Verde

Entre esses conceitos podemos citar o Ricardito (Speedy no original) sidekick do Arqueiro, o Arrow-Car e o Arrow-Plane, utilizados para transporte, sua base chamada Arrow-Cave e, é claro, seu alter ego como um playboy rico, o uso de um Arrow-Signal para chama-lo, bem como um arqui-inimigo semelhante a um palhaço (Coringa) chamado Bull’s Eye.

As primeiras histórias dessa dupla de vigilantes iniciaram na HQ “More Fun Comics #73”, lançada em 19 de setembro de 1941, em plena Era de Ouro, onde a equipe começou como um recurso de apoio na HQ, porém dentro de apenas quatro meses o Arqueiro Verde e Ricardito substituíram o Doutor Destino e o Espectro como o recurso de capa. Coincidentemente essa mesma edição trazia a estreia do Aquaman, do qual já falamos semanas atrás.

Em “Superhero Comics of the Golden Age”, o autor Mike Benton escreveu que esse status de estrela das capas provavelmente se deveu ao apela que o Ricardito tinha com as crianças que liam as histórias.

 

O Arrow-Car, o Arrow-Plane, o Ricardito (Speedy) e a Arrow-Cave

Arqueiro Verde é considerado o maior arqueiro do mundo, bem como um competente espadachim e artista marcial que usa suas habilidades para combater o crime, além de participar, juntamente com outros Super-Heróis da Liga da Justiça.

Em sua luta contra o crime, ele utiliza uma série de flechas com equipamentos de especiais, entre elas flechas com pontas de cola, ponta explosiva, com arpéu, granadas de luz, de gás lacrimogêneo e até mesmo flechas com pontas de kryptonita, para o caso de ter que enfrentar o Superman.

Com o fim da Era de Ouro, o Arqueiro foi um dos poucos personagens da DC a continuar sua vida nos quadrinhos, graças à influência do roteirista Mort Weisinger, que o manteve como um recurso de apoio para o Superboy, primeiro na More Fun Comics e depois na Adventure Comics.

Isso ocorreu em decorrência do fato de que os títulos relacionados ao Superman eram praticamente garantidos durante este período, o Arqueiro Verde suportou as décadas de 1940 e 1950 relativamente inalteradas, superando a maioria de seus contemporâneos da Era de Ouro.

Um dos encontros entre o jovem Oliver Queen e o jovem Clark Kent, ocorreu na “Adventure Comics #258”, publicado em março de 1959, escrita por Jerry Coleman e tendo arte de George Papp. Na trama enquanto o Superboy utiliza seu monitor de tempo, ele vê um evento no futuro sobre um combatente do crime chamado Arqueiro Verde e acaba descobrindo que sua verdadeira identidade é Oliver Queen.

Capa da “Adventure Comics #258”

Coincidentemente, no dia seguinte, a escola onde o jovem Clark estuda recebe um novo aluno, chamado Oliver Queen, na esperança de orientar o jovem Oliver em direção ao seu destino, o Clark sugere que o rapaz se vista como Robin Hood para o concurso anual de história de Smallville.

Quando o evento é usado por criminosos como meio de contrabandear ouro roubado para fora de Smallville, Superboy tenta fazer com que Oliver o ajude com o arco-e-flechas, no entanto o Ollie se mostra não muito hábil em utilizar um arco.

Como resultado dessas histórias ao lado do Superboy, o personagem Arqueiro Verde conseguiu evitar de ter sua essência re-imaginado para a Era de Prata, como ocorreram com personagens como o Flash, o Lanterna Verde, entre outros.

No finalzinho da década de 1960 o desenhista Neal Adams recebeu a incumbência de atualizar a aparência visual do Arqueiro Verde, dando-lhe um bigode e cavanhaque, além de um novo uniforme, essa transformação é mostrada na “The Brave and the Bold #85”, lançada entre os meses de agosto/setembro de 1969.

Já o roteirista Dennis O’Neil deu sequência à essa nova aparição do Arqueiro, começando por refazer, completamente, as atitudes dele dentro da Liga, como é mostrada em “Justice League of America #75”, lançado em novembro de 1969, além disso o O’Neil fez com que o Oliver Queen perdesse toda a sua fortuna, fazendo com que ele se tornasse um defensor declarado dos desfavorecidos e da esquerda política. Mas nem tudo foram problemas para o Ollie, aqui ele ganhou um amor que vem até hoje nas HQs, a Super-Heróina e companheiro de equipe chamada Canário Negro.

Já nos anos de 1970, a dupla Adams e O’Neil resolveu juntas os Heróis Esmeraldas da editora, o Arqueiro Verde e o Lanterna Verde Hal Jordan, em uma aclamada série de histórias, onde a dupla tinha que lidar com várias questões sociais e políticas, os Heróis Esmeraldas serviram para representar pontos de vista sociopolíticos contrastantes, o Arqueiro lutava por mudanças radicais na sociedade estadunidense, enquanto que o Lanterna Verde era representado como uma figura liberal do establishment, querendo trabalhar dentro das instituições existentes de governo e direito.

Durante a saga, Queen conseguiu convencer o Hal Jordan a ver o mundo, além de sua estrita obediência aos Guardiões do Universo e sua Tropa dos Lanternas Verdes, como forma de ajudar aqueles que foram negligenciados ou discriminados. Em uma declaração o Denis O’Neil declarou o seguinte:

“O Arqueiro Verde seria um anarquista de temperamento quente, como forma de contrastar com o cidadão-modelo cerebral e sedado que era o Lanterna Verde”.

Toda a trajetória dos Heróis Esmeralda

A dupla embarca em uma missão em uma caminhonete para “encontrar a América”, ao longo do caminho testemunhando os problemas de corrupção, racismo, poluição, ataques aos nativos-americanos, bem como a superpopulação confrontando a nação. Na edição “Green Lantern #78”, lançada em julho de 1970, mostrava que após um grupo de bandidos roubar a motocicleta da Canário Negro, ela encontrada o jovem Joshua, o líder de um culto que possui o poder de controla mentes. Quando o Lanterna Verde e o Arqueiro Verde encontram os bandidos mais tarde e reconhecem a moto de Canário, eles partem em busca de sua amiga.

Na época do lançamento a trama foi amplamente divulgada e interpretada como sendo uma alegoria para os assassinatos do culto da Família Manson, porém o próprio O’Neil tratou logo de enfatizar que essa história era sobre a esquerda autoritária, não tendo nada haver com o culto do Manson. Em agosto e outubro de 1971, nas edições #85 & #86 da HQ do Lanterna Verde tivemos a introdução no Universo DC de um tema bastante pesado, o uso de entorpecentes.

A trama começa quando o Oliver é atacado por viciados, nesse ataque ele fica surpreso quando um dos delinquentes o atinge com uma de suas próprias flechas. Seguindo as pistas para encontrar os bandidos, o Ollie acaba descobrindo que seu pupilo, o Ricardito também está viciado no uso de heroína, com essa informação em mãos, e preocupado com a vida do Ricardito, o Arqueiro Verde decide acabar de vez com esses traficantes de drogas. Para se livrar desse inferno, o Ricardito conta com a ajuda da Super-Heróina Canário Negro.

Momento em que o Arqueiro descobre o vício do Ricardito

Essa história, dividida em duas partes, é considerada até hoje uma divisora de águas na representação de temas adultos e maduros dentro das publicações da DC. Além disso ela provocou uma enorme reação pública, chegando a receber uma carta de felicitações do então prefeito de Nova York, John Lindsay.

O Arqueiro Verde veio a ter, pela primeira vez, sua própria HQ em uma série limitada de quatro edições, publicada entre os meses de maio e agosto de 1983. Esta minissérie introduziu uma rivalidade entre o Arqueiro e o Supervilão conhecido como o Conde Vertigo.

Já em 1985, durante a maxissérie “Crise nas Infinitas Terras” o Arqueiro Verde da Terra-02 (a versão que era publicada durante a Era de Ouro) morreu na luta contra o exército do Antimonitor. Essa versão “clássica” do personagem havia sido recuperado, pela Liga da Justiça e Sociedade da Justiça, como um membro perdido no tempo da equipe original de Super-Heróis “Sete Soldados da Vitória”.

Estamos agora em 1987 e a DC decide lançar o Arqueiro em uma nova minissérie em 03 edições intitulada “Green Arrow: The Longbow Hunters”, publicada no Brasil pela Editora Abril em 1989 com o título “Os Caçadores”, como parte de sua linha de quadrinhos para um público mais maduro. Essa minissérie foi escrita e ilustrada pelo talentoso Mike Grell.

Nesta minissérie temos uma aventura rotineira do Oliver contra um grupo de narcotraficantes, que se tornou mais trágica quando a Canário Negro acabou sendo foi capturada e brutalmente torturada, em decorrência disso o Oliver acabou assassinando os agressores de sua namorada.

A minissérie também serviu para apresentar a enigmática arqueira japonesa chamada Shado, cuja família sofreu em um campo de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde descobre-se que essa Shado é a mãe de um filho do Queen, que recebeu o nome de Robert, o pai do Oliver Queen.

Minissérie “Green Arrow: The Longbow Hunters”

Um ano depois da minissérie, o Mike Grell assumiu os roteiros de um novo título do Arqueiro, onde a arte ficou por conta do desenhista Ed Hannigan, com arte-final de Dick Giordano, sob a escrita do Grell, o Arqueiro abandonou o uso de suas flechas de gadget, sua marca registrada durante a “Era de Prata”, além de mudar de Star City para Seattle, em Washington.

Como essa nova série fazia parte da linha de público madura da DC, ela assumiu um tom mais corajoso, violento e urbano, com o Arqueiro Verde muitas vezes usando força mortal contra seus inimigos.

Grell roteirizou cerca de 80 das 137 edições, minimizando os aspectos de super-heróis dos personagens. Aqui o Oliver abandona sua máscara e nunca foi realmente referido como “Arqueiro Verde”, além do fato de que a Canário Negro nunca foi mostrada usando seu poder de grito sônico, às vezes, a explicação dada era que seriam sequelas da tortura mostrada na minissérie, embora isso não fosse consistente com suas aparições em outros títulos publicados durante este período.

Green Arrow #01, escrita pelo Mike Grell e desenhada pelo Ed Hannigan

 

 

Já as edições especiais de crossover foram idealizada para que outros roteiristas, tais como Denny O’Neil, que escrevia as HQs do Batman e do Questão (The Question) usassem o Arqueiro Verde, Grell o escrevia como um personagem amplamente isolado de todo o resto do Universo DC. Quando tivemos interações de outros personagens, como por exemplo o Hal Jordan, eles apareciam em suas identidades civis.

Com esse texto terminamos os trabalhos de 2023, agradecendo ao Setor 2814, na pessoa do Bruno Castro, pela oportunidade de escrever sobre esse Universo que amo desde que tinha 06/07 anos.

Quero aproveitar para desejar a todos os nossos leitores um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de Bênçãos e Graças de Deus.

Em 2024 voltarei com as continuações desse e de outros textos, além de novos… Até 2024!

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