CAMELOT 3000 – UMA DAS MELHORES SAGAS DOS ANOS 1980.
No final da década de ’70 e inicio dos anos ’80, os quadrinhos da DC estavam passando por algumas transformações articuladas pelas mãos talentosas de gente como Dennis O’Neil, Neal Adams, Steve Englehart, Marshall Rogers e Alan Moore, entre outros.
E para marcar ainda mais esse período tivemos, em 1982, a parceria da dupla Brian Bolland (responsável pela arte) e Mike W. Barr (encarregado do roteiro) nos trazendo uma resposta para a pergunta:
“O que aconteceria se o Rei Arthur Pendragon, seus Cavaleiros, o Mago Merlin e seus inimigos ressurgissem no ano 3000?”
A resposta foi a maxissérie, publicada entre dezembro de 1982 e abril de 1985 em 12 edições, intitulada “Camelot 3000”. A DC acabou sendo a primeira editora a lançar uma HQ nesse formato de publicação.
Voltando a origem da trama, ela começou em 1975, quando Barr surgiu com o conceito de “Camelot 3000”, ele se inspirou depois de concluir um curso universitário em literatura arturiana. Alguns anos depois o Mike chegou a apresentar o roteiro para a DC, apenas para vê-la rejeitada, logo depois ele levou para a editora concorrente, a Marvel Comics, lá ela foi aceita onde foi aceito para e seria publicada em uma revista do mesmo estilo da famosa “A Espada Selvagem de Conan” com histórias em preto e branco, porém não se sabe por qual motivo o projeto não chegou às bancas, com o selo da Marvel.
Com o cancelamento do projeto na Marvel Comics, o Mike retornou para a DC no ano seguinte, e desta vez foi aceito. Com o sinal verde o Barr resolveu recrutar a Dra. Sally Slocum, que havia sido sua professora do curso que primeiro inspirou o autor para escrever a história, como consultor criativo da série. “Camelot 3000” foi a primeira grande obra, no mercado americano, do artista britânico Bolland, ela também foi a primeira série de quadrinhos a ser impressa em papel Baxter em vez de papel de jornal.
Na época, a logística das colaborações transatlânticas era difícil, e a série foi criada usando o método de roteiro completo em parte porque era a maneira mais fácil de Barr e Bolland trabalharem juntos enquanto um oceano os separava, esta também foi a primeira vez que o trabalho de Bolland foi arte-finalizado por alguém que não ele.
Brian não se sentia confortável com isso e fez seus lápis muito detalhados para deixar o arte-finalista com o mínimo de espaço possível para uma reinterpretação criativa. Isso, combinado com o objetivo pessoal de Bolland de se superar a cada nova edição, tornava difícil para ele acompanhar a programação mensal da série, os atrasos já começaram na edição número 06. Em entrevistas o Mike conta que o Brian chegou a passar nove meses mergulhado nas páginas da última. No roteiro original Barr teria uma garota encontrando o Rei Arthur, porém o editor Len Wein preferiu que ele substituísse pelo personagem de Tom Prentice.
Embora a exploração da série de temas de identidade de gênero e homossexualidade tenha sido publicada sem oposição da equipe editorial da DC, Barr lembrou que Camelot 3000 recebeu várias cartas de crianças que ficaram confusas e/ou chateadas com esse conteúdo.
Eventualmente, os Cavaleiros rastreiam a origem da invasão alienígena até um décimo planeta, ainda desconhecido pela Terra, do sistema solar. Flashbacks revelam que após sua derrota na Idade Média, o espírito de Morgana viajou pelo Sistema Solar, eventualmente se reconstituindo no planeta onde escravizou a população nativa e os liderou na invasão da Terra.
Rei Arthur e seus Cavaleiros viajam para esse planeta com o intuito de dar um ponto final na invasão. Nessa batalha final Sir Galahad se sacrifica para que eles possam entrar na cidadela de Morgana e no combate final, o Rei Arthur usa o aspecto sobrenatural da Espada Excalibur para cortar um átomo, criando assim uma explosão nuclear que destrói de vez sua meia-irmã Morgana e seu centro de comando. Momentos antes de realizar esse feito, Arthur perdoa Lancelot e Guinevere e deseja que eles vivam felizes juntos. Sem sua liderança, os alienígenas são facilmente derrotados pelas forças da Terra.
O epílogo mostra o destino dos Cavaleiros sobreviventes, como o Gawain, que retorna para sua esposa e filho, Tristan que aceita seu novo corpo e assume seu relacionamento com Isolda e com Tom Prentice liderando uma equipe na reconstrução em Londres, já o casal Lancelot e Guinevere, bom eles descobrem que ela está grávida, e quando ela diz a Lancelot que pode ser de Arthur, ele expressa esperança semelhante e promete amar o bebê aconteça o que acontecer. A cena final mostra um alienígena em um mundo distante puxando Excalibur de uma pedra e sendo saudado como um líder.
A maneira com que o Mike Barr escreveu o ambiente político e a metalinguagem da salvação da humanidade ainda é atemporal, sua visão do ano 3000 fica mais perto do nosso tempo quando temas como transexualidade, lesbianismo, adultério, ocultismo, entre outros.
No final o que posso dizer a vocês é que “Camelot 3000” é o tipo de material que qualquer fã de quadrinhos de qualidade deveria ter em sua estante, ler esta versão Sci-Fi do Rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda, em uma versão sem cortes e impressa com material de primeira qualidade, definitivamente, não tem preço.