REVIEW DE LIGA DA JUSTIÇA: DEUSES & MONSTROS (SEM SPOILERS)

“Liga da Justiça: Deuses & Monstros” (Justice League: Gods & Monsters) foi o 24ª longa animado do antigo Universo DC de Filmes Originais Animados (DC Universe Animated Original Movies), lançado em 2015, tem a distinção de trazer de volta alguns dos maiores realizadores do Universo Animado de histórias da DC, como a dupla Bruce Timm e Alan Burnett, membros da equipe criativa de “Batman: A Série Animada” (Batman: The Animated Series), e misturá-los com Sam Liu, atual diretor de vários longas animados da DC, como Superman/ Batman: Inimigos Públicos (Superman/Batman: Public Enemies – 2009), Liga da Justiça: Crise em Duas Terras (Justice League: Crisis on Two Earths – 2010), resultando em um dos melhores filmes DCAU dos últimos anos.

Para os fãs que não estão acostumados com essa linha narrativa, a história poderá parecer um tanto estranha a princípio, no entanto, como as demais animações da DC, a qualidade do enredo acaba chamando a atenção de quem for assistir, principalmente para aqueles que sempre quiseram ver outras versões desses personagens e curtem essa pegada Multiversal da DC. Aqui não apenas as personalidades mudaram, também temos novas caracterizações de cada um dos membros da da Liga da Justiça, com seus três únicos integrantes conhecidos como os “Outcasts”, aqueles que não se encaixam em lugar nenhum.

Com uma visão verdadeiramente nova e bastante competente de Super-Heróis já estabelecidos, um enredo que tem complexidade, mistério, emoção, bem como profundidade de personagem, e sequências de ação convincentes que vêm com riscos ponderados, graças ao forte contexto narrativo, esse longa é imperdível para qualquer fã do Universo DC.

Os roteiristas Bruce Timm, Alan Burnett e o diretor Sam Liu

Falando em história: Timm e Burnett provam por que são vistos como gurus entre os fãs da DC, a dupla apresentando sua mais rica história de longa-metragem desde Batman: A Máscara do Fantasma (Batman: Mask of the Phantasm – 1993), aqui temos uma versão alternativa da consagrada Trindade do Universo DC, Superman, Mulher-Maravilha e Batman, que juntos formam uma nova visão da Liga da Justiça, onde os três são re-imaginados como personagens com origens diferentes e personalidades muito mais violentas e brutais que suas versões da Terra-0, então a diversão de assistir o longa vem de ver tudo se desenrolar diante de seus olhos, pegando o familiar e torcendo-o em algo novo, emocionante e decididamente sombrio. Resumindo: essas novas versões criadas por Timm e Burnett são tão emocionantes e interessantes quanto os Super-Heróis consagrados.

General Zod

Aqui temos um Superman, que não é filho de Jor-El, já que o mesmo fracassou em inserir seu DNA na cápsula embrionária, com isso os genes do Homem de Aço são as mesclas dos DNA do General Zod e de Lara Lor-Van e que ao invés de ser encontrado pelo casal Kent, foi criado por um casal de imigrantes mexicanos e cuja identidade era Hernan Guerra, nessa versão o personagem possui uma personalidade mais fria, sombria e calculista, quem sabe essa personalidade tenha algo a ver com o sangue do General Zod circulando em suas veias? O poder, de início, lhe interessa bastante, até ele descobrir o que realmente aconteceu no dia do seu nascimento e correr na direção contrária, ainda assim, essa nova face do Herói kryptoniano se mostra bastante interessante.

A Mulher-Maravilha agora era uma Nova Deusa de Nova Gênese chamada Bekka, neta do Pai Celestial, governante de Nova Gênese, ela chegou na Terra após se insurgir contra Izaya, seu avô, que promoveu uma chacina contra os governantes de Apokolips logo após o casamento de Bekka com Órion.

As novas versões de Superman, Batman e Mulher-Maravilha

Na tentativa de salvar seu pai, Darkseid, Órion acaba morto pelo Pai Celestial, o que leva Bekka a deixar Nova Gênese fazendo uso da Caixa Materna encrustada em sua espada, presente de casamento de seu noivo.

Para terminar temos um novo Batman que não era o Bruce Wayne, mas sim um jovem e brilhante cientista chamado Dr. Kirk Langstrom, que, após um experimento malsucedido para se livrar de um câncer, acaba se tornando um meio-vampiro, os três policiam o planeta quase com Mão de Ferro.

Assim, eles alimentam suas frustrações e angústias derrotando os bandidos da cidade das formas mais truculentas e violentas possíveis. Fazendo com que aos olhos dos cidadãos, do Governo a equipe seja temida e que não possa ser controlados, para a mídia a Liga é uma constante ameaça caso decidam se rebelar e tomar conta do planeta.

Bekka, Darkseid e seu filho Órion

Bruce e Alan nos mostram que “Não estamos mais no Kansas” durante uma sequência introdutória em que o trio invade o covil de um grupo terrorista, diferente dos personagens que conhecemos, que simplesmente iriam encarcerar os bandidos, aqui a batalha é rápida, sangrenta e implacável, onde vemos o Superman incinerando vários terroristas com sua Visão de Calor, a Mulher-Maravilha os empalando com sua espada, enquanto o Batman bebia o sangue até eles pararem de se mexer, tudo em nome da Justiça, é claro, aproveitando ao máximo a licença criativa que esses títulos mais voltados para adultos permitem.

Essa nova versão da Trindade operam a partir da Torre da Justiça, situada em Metrópolis, trabalhando em nome de um governo que capitaliza seus talentos, e no entanto teme não poder controlá-los, essa falta de controle é explícita quando o presidente expressa escrúpulos sobre ser capaz de proteger a Liga da publicidade negativa em decorrência de seu uso de “Força Excessiva, o Homem de Aço responde com ironia: “Quem você acha que protege quem aqui?”

Superman voando e o Batman bebendo sangue

Em nível de direção, o Sam Liu presta uma homenagem ao apogeu de seus estimados colaboradores, seguindo o estilo de animação retrô do Bruce Timm e do Paul Dini, responsáveis pelas séries animadas da TV nos anos 90 e início dos anos 2000, em oposição ao visual influenciado por animes que vimos nos longas animados inspirados na fase “The New 52“, embora honre o estilo dos anos 90, esse filme ainda vem com um polimento moderno, nítido e elegante.

O filme tem classificação para maiores de 13 anos, com isso ele não tem medo de entrar em ação brutal e violenta (com muitas mortes no estilo de filme de terror), o que o torna particularmente emocionante, já que os riscos reais de vida ou morte são em jogo, com os resultados totalmente enraizados na história emocional do filme.

Seria o Lex Luthor deste Universo uma variante do Stephen Hawking???

Quando vários cientistas começam a ser assassinados, todas as evidências parecem confirmar que os atentados foram feitos por cada um dos membros da Liga da Justiça, o que os coloca agora como alvo de um ataque do Governo, a fim de neutraliza-los de uma vez por todas, com as evidências se acumulando contra o grupo, o trio de Heróis precisa descobrir quem é o cérebro tentando difama-los.

Mas à medida que seu inimigo invisível começa a fazer movimentos de xadrez cada vez mais descarados, deixando claro que realmente tem alguém que quer muito incriminar os Heróis, com isso a Liga rapidamente se vê dois passos atrás de uma trama que levará à sua erradicação.

No final, os fãs (aqueles com mentes abertas) que amam a tradição dos contos de “Elseworlds” da DC, Liga da Justiça: Deuses e Monstros será uma experiência emocionante e refrescante, abençoada pelos talentos dos melhores contadores de histórias animados da DC, ao mesmo tempo que poderão desfrutar da familiaridade dos personagens originais, já que Timm e Burnett nunca perdem as essências que os tornam ícones duradouros.

Já os fãs mais hardcore também vão adorar dissecar os muitos easter-eggs do Universo DC dentro do filme, tais como os outros personagens da DC que são “re-imaginados” em novos papéis e contextos nesta dimensão alternativa. Sendo mestres deste universo, Timm e Burnett encontram maneiras inteligentes de reposicionar rostos familiares e até mesmo tirar alguns personagens da DC da obscuridade, dando-lhes turnos de sucesso no centro das atenções.

Equipes de dublagem Inglês: Benjamin Bratt, Tamara Taylor, Michael C. Hall e Jason Isaacs. Português: Guilherme Briggs, Priscilla Amorim, Duda Ribeiro e Luiz Carlos Percy

A dublagem de Liga da Justiça: Deuses e Monstros contou com as vozes originais de Benjamin Bratt como Hernan Guerra/Superman, Tamara Taylor como Bekka/Mulher-Maravilha, Michael C. Hall como Kirk Langstrom/Batman e Jason Isaacs como Lex Luthor. Já a versão em português contou, respectivamente, com as vozes de Guilherme Briggs, Priscilla Amorim, Duda Ribeiro e Luiz Carlos Percy.

O longa Liga da Justiça: Deuses e Monstros foi lançado para download no dia 21 de julho de 2015, já as versões físicas, em DVD e Blu-ray, ocorreu simultaneamente nos Estados Unidos e Brasil no dia 28 de julho do mesmo ano. A animação arrecadou com vendas das mídias físicas, no mercado americano, cerca de US$ 2.990.638.

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  • Sérgio Monteiro

    Essa é um dos melhores Elseworlds já feitos. Tem ação, reviravoltas, personagens interessantes. Lamento muito não terem feito mais uso desse universo.

    • Joselio Bezerra

      Concordo com você Sérgio, também curto muito esse longa e gostaria de ver mais filmes ou até mesmo uma série animada. Esse Universo se mostra muito rico.

      Fico contente por você ter gostado e comentado o meu texto, muito obrigado!!!