RELEMBRANDO O LONGA BATMAN RETURNS (1992)

Com a aproximação do filme “The Flash”, que trás de volta o ator Michael Keaton ao papel do Batman, depois de 30 anos desde o lançamento de “Batman Returns” (Batman: O Retorno – 1992). Como forma de homenagear essa volta, trago para vocês algumas informações sobre o último filme do Cavaleiro das Trevas estrelado pelo Keaton.

Depois do tremendo sucesso que o primeiro filme do Batman, lançado em 1989, a Warner Bros. queria muito uma continuação, mesmo com o Tim Burton dizendo que não tinha nenhum interesse em comandar uma continuação. Enquanto Burton dirigia o longa “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands), em 1990, para a 20th Century Fox.

Bruce Wayne recebendo o Bat-Sinal

Sam Hamm, que havia escrito o primeiro Batman, já havia escrito duas primeiras versões do roteiro, juntamente com Baby Kane, criador do Batman, como consultor criativo, no roteiro de Hamm, o Pinguim e a Mulher-Gato iriam procurar tesouros escondidos em Gotham City.

Para o elenco tivemos os retornos do Michael Keaton no papel principal, também tivemos a volta de Michael Gough como o mordomo Alfred Pennyworth e do Pat Hingle como o comissário James Gordon.

Para os novos personagens tivemos as entradas dos atores Danny DeVito como o Oswald Cobblepot, mais conhecido como Pinguim, Michelle Pfeiffer como a Selina Kyle ou Mulher-Gato, Christopher Walken interpretando o empresário Max Shreck e Michael Murphy vivendo o prefeito de Gotham City. As filmagens de “Batman Returns” começaram em Burbank, na Califórnia, em junho de 1991.

Danny DeVito como o Pinguim & Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato

Para trazer o Tim a Warner garantiu que ele teria o controle criativo da produção e como primeira medida o Burton trouxe o roteirista Daniel Waters, para reescrever o texto de Hamm. Waters introduziu a “sátira social” de um magnata maligno apoiando uma campanha para prefeito do Pinguim, porque queria mostrar que os verdadeiros vilões de nosso mundo não usam uniformes espalhafatosos, ele escreveu cerca de cinco versões de seu roteiro, entre as mudanças deve a remoção do Harvey Dent, que o Hamm implantou, mas apenas aludia a uma transformação futura, outra mudança foi em relação ao Max Shreck, que originalmente seria irmão do Pinguim.

Ainda na Pré-Produção, o Burton chamou o roteirista Wesley Strick para uma revisão não-creditada, Strick disse uma vez que quando o roteiro chegou em suas mãos o Pinguim não tinha nenhum plano vilanesco. Os executivos da Warner queriam que o vilão aquece-se ou congela-se Gotham City, curiosamente congelar Gotham era o plano final do Sr. Frio no esquecível “Batman & Robin”, não duvido nada que a ideia tenha vindo do mesmo executivo.

Porém o Strick foi por outro caminho, ele se inspirou nos paralelos bíblicos de Moisés, que assim como o Pinguim tinha sido jogado no rio quando bebê, só que ao contrário do Patriarca Hebreu, que salvou seu povo da escravidão, o Pinguim quer assassinar todos os primogênitos de Gotham City. Outra mudança do Strick foi a retirada do Robin do roteiro, que nessa versão seria um mecânico negro, interpretado por Marlon Wayans, sua justificativa foi simples, o excesso de personagens que o filme já tinha.

Encontro “caliente” entre o Batman e a Mulher-Gato

 

Antes da entrada da Michelle Pfeiffer na produção, o nome escolhido para dá vida a Mulher-Gato, foi a da atriz Annette Bening, a escolha veio depois que o Burton vê-la em The Grifters, porém ele teve que corta-la devido ao fato dela está grávida, outros nomes cogitados foram as das atrizes .

Raquel Welch, Jennifer Jason Leigh, Madonna, Ellen Barkin, Cher, Bridget Fonda e Susan Sarandon, a Sean Young, que havia sido a primeira opção para o papel da Vicki Vale no primeiro filme, chegou a visitar a produção usando uma fantasia de Mulher-Gato, tudo isso para pedir ao Burton o papel da vilã.

Eventualmente Burton acabou escolhendo a Michelle Pfeiffer, que ele não conhecia bem, mas causou boa impressão no primeiro encontro de ambos, para compor melhor a personagem, a Michele teve que aprender a lutar Kickboxing. Para retornar ao papel de Bruce Wayne/Batman, Michael Keaton recebeu um cachê de cerca de 10 milhões de dólares, já a Pfeiffer recebeu um salário de 03 milhões de dólares e uma porcentagem da bilheteria.

Uma curiosidade sobre o Pinguim, o roteirista Waters já desconfiava que a escolha seria do DeVito, já que para interpretar um baixinho nocivo, a lista de atores é curta, e já escreveu o personagem pensando no DeVito interpretando-o.

Oswald “Pinguim” Cobblepot e seus pinguins

Com tudo pronto, as filmagens começaram em Junho de 1991, a produção usou os maiores estúdios de Hollywood, o Stage 16 da Warner Bros., que foi usado para o Gotham Plaza, baseado no Rockefeller Center de Nova York e o Stage 12 da Universal Studios, onde foi construído o esconderijo do Pinguim, que usava um tanque de água enorme. Mais oito outros locais do lote de estúdio da Warner foram usados, tornando mais de 50% do local com cenários de Gotham City.

O diretor fez questão que os pinguins se sentissem confortáveis no set, usando um trailer refrigerado, uma piscina, gelo e bastante peixe fresco. A Warner manteve uma campanha de segredo, com o departamento de arte fechando suas cortinas, e equipe e elenco usando um título falso, Dictel, em seus crachás.

Mais uma curiosidade, desta vez sobre a Mulher-Gato. No roteiro original Selina não iria sobreviver ao embate final, porém as primeiras exibições-teste com o público mostravam uma reação positiva à personagem, vendo isso a Warner Bros. queria que ela pudesse retornar em futuras no futuro. Por conta disso, a produção teve que filmar aquela cena final com a Mulher-Gato encarando o Bat-Sinal cerca de duas semanas antes do filme chegar aos cinemas, e como nesse período a Michelle Pfeiffer estava indisponível, a equipe teve que utilizar uma dublê na cena, a cena foi tão rápida e tão bem-feita que os fãs nunca perceberam.

Cena final filmada com a dublê da Pfeiffer

Falando agora sobre o filme. Como é de se esperar, toda sequência de um filme de sucesso tinha a missão de consertar os erros do seu antecessor e, principalmente, de superá-lo no resultado final, e o mesmo aconteceu com “Batman Returns” que consegue manter muitas das qualidades técnicas do Batman de 1989.

Com o objetivo de manipular Gotham City, o milionário Max Shreck faz de tudo para causar o impeachment do prefeito de Gotham e transformar o Pinguim, um ser deformado que tinha sido abandonado ainda bebê nos esgotos e agora era o líder de uma gangue, em prefeito da cidade. Como se isto não bastasse, surge a Mulher-Gato que, apesar de ser linda e sedutora, também tem dupla personalidade, em razão de problemas no passado. Ambos se tornam verdadeiros pesadelos para a população de Gotham e para o Batman.

Assim como na filme anterior, neste a trilha instrumental também foi composta pelo Danny Elfman, já a trilha sonora incluiu a canção “Face to Face”, de autoria do próprio Elfman e interpretada pela banda de rock inglesa “Siouxsie & the Banshees”, utilizada para promover o filme antes de seu lançamento. Duas versões do videoclipe foram feitas, sendo que a segunda continha trechos do filme e uma versão club, remixada por 808 State, foi lançada. Elfman adicionou refrão ao tema principal deixando-o similar mas não tão obscuro como o original.

Bruce Wayne & Selina Kyle

Batman Returns chegou aos cinemas estadunidense em 19 de junho de 1992 (no Brasil ele foi lançado no dia 03 de julho de 1992) em cerca de 2.644 salas de cinemas já em sua semana de estreia. Seu orçamento foi de cerca de 65 milhões de dólares em sua produção, mais 15 milhões de dólares em publicidade, em um total de 80 milhões de dólares, já a sua arrecadação mundial foi de, aproximadamente, 267 milhões de dólares.

Mesmo tendo sido um sucesso financeiro, a Warner Bros. sentiu que ele deveria ter sido mais bem sucedido. O longa teve uma reação negativa por parte dos pais, que passaram a criticar “Batman Returns” pela sua violência e referências sexuais, que segundo eles, eram inadequadas para crianças. Após a estreia, a rede de fast-food McDonald desistiu de vender o “McLanche Feliz” com brindes relacionados ao filme.

Sobre essas repercussões negativas o diretor Tim Burton declarou o seguinte:

“Eu gosto de ‘Batman Returns’, para mim ele é melhor do que o primeiro. Havia essa repercussão grande que estava muito sombrio. Mas, particularmente, eu achei este filme muito menos sombrio.”

Michael Keaton e a nova armadura do Batman

Em decorrência dessas críticas negativas que “Batman Returns” recebeu e ao cancelamento do contrato com o McDonald, a Warner Bros. decidiu não renovar os contratos do diretor Tim Burton e do ator Michael Keaton respectivamente. No filme seguinte da franquia, a Warner Bros. decidiu ir em uma direção mais “leve”, com o intuito de tornar o longa mais popular, mais propenso para ser um filme de família.

Como o diretor Burton não voltaria a ocupar a cadeira de direção de um novo Batman, ele passou a atuar como produtor e entrou em cena um novo diretor, chamado Joel Schumacher, mas isso já é uma outra história.

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