A FASE DO JOHN BYRNE NO SUPERMAN: PARTE 01

Por Josélio Bezerra.
Olá leitores do Setor 2814, iniciamos hoje uma série de textos falando sobre a fase que o roteirista/desenhista John Byrne reformulou o Superman, além de escrever as aventuras do personagem de setembro de 1986 a maio de 1988.
O ano era 1986, e o encarregado para revitalizar o Superman no período Pós-Crise nas Infinitas Terras era o roteirista/desenhista canadense John Byrne, que conseguiu transformar sua fase na vida do Último Filho de Krypton em um clássico instantâneo.
John foi um dos grandes nomes do mundo dos quadrinhos na década de 1980, sendo considerado uma lenda do meio, de um talento incontestável, Byrne foi o responsável pelo sucesso das séries X-Men, Tropa Alfa e Quarteto Fantástico, pela Marvel Comics. Sob sua tutela, esses grupos de Super-Heróis chegaram ao patamar de Estrelas com clássicos grandiosos, se tornando campeões de vendas. Ninguém era mais referenciado para recriar o Superman, o primeiro e maior Super-Herói de todos os tempos.
Em mais de 85 anos de história, Kal-El passou por várias reformulações, só nos últimos 18 anos o Superman teve sua história de origem reformulada nas edições “Superman: O Legado das Estrelas”, publicado em 2003, com roteiro de Mark Waid e desenhos do Leinil Francis Yu. Depois tivemos a versão de Superman: Origem Secreta, lançado em 2009, tendo o Geoff Johns na escrita d o Gary Frank na arte.  Todas essas origens foram mostradas nos vídeos do canal no Youtube.
Em 2010 foi a vez do roteirista J. Michael Stracznski e o desenhista Shane Davis trazerem a versão do Homem de Aço, de uma realidade alternativa no encadernado Superman: Terra Um.
Durante a fase “Os Novos 52”, publicada em 2010, a dupla Grant Morrison e Rags Morales ficaram encarregados de recontar os primeiros anos do Herói na saga Superman: À Prova de Balas. Já em 2016, tivemos mais uma história de origem fora da cronologia oficial da DC, na minissérie Superman: Alienígena Americano, lançado durante 2016 com roteiro de Max Lands e artes de vários desenhistas, entre eles Nick Dragotta, Matthew Clark, Joëlle Jones e Evan “Doc” Shaner.
Porém, de todas essas reformulações, a mais famosa e amada pelos fãs do Superman é a feita pelo Byrne, onde ele  ofereceu novos e vibrantes elementos à mitologia do personagem que, mesmo hoje, ainda são aproveitados pelos roteiristas.
Assim que seu nome foi divulgado e as noticias de que o ele iria modificar certos aspectos do que era considerado o “status quo” do personagem ganharam repercussão, Byrne e os editores da DC tiveram que dá entrevistas a órgãos importantes da mídia americana, tais como o jornal The New York Times e a revista Time.
Inicialmente, John Byrne concebeu a minissérie The Man of Steel (O Homem de Aço), como um arco de seis partes, que iriam da destruição de Krypton até o momento em que o Superman descobre sua origem alienígena.
Quando chegou na DC, John já teve uma pequena treta, ja que ele queria modificar um dos pontos centrais da mitologia do herói. Na primeira versão, ele queria que Jor-El mandasse a Lara gravida para a Terra, onde ela chegaria e após ter o Kal-El morreria envenenada pela Kryptonita Verde. Tudo isso seria unicamente para explicar como o Superman saberia que a K-Verde é fatal para qualquer kryptoniano.
A Presidente da DC na época, Janette Khan, que acreditava que esse caminho iria longe demais do material original, foi quem trouxe a solução de que o material radioativo, que daria origem a K-Verde, já estivesse sendo formada no núcleo de Krypton, e por causa disso habitantes do planeta já estariam morrendo envenenados. Byrne gostou da ideia e a colocou na trama.
Outra grande alteração era que APENAS Kal-El iria sobreviver a hecatombe e outra, não teríamos um Superboy e seu parceiro canino, o Krypto, a Supergirl, os prisioneiros da Zona Fantasma, a cidade engarrafada de Kandor, Clark assumiria sua missão já adulto.
Em entrevistas dadas depois de sua passagem no título do Superman, Byrne explicou um dos pontos da Mitólogia do personagem que ele sempre achou inconcebível, a constante demonstração em relação a sua origem alienígena, com suas exclamações do tipo “Por Krypton” e “Por Rao”, para o Byrne isso representava que o Herói o planeta Terra não tinha um grande significado para ele.
“Para mim essas frases eram quase como se o Superman estivesse cuspindo na cara do Jonathan e Martha Kent, as pessoas que cuidaram dele”, declarou em uma entrevista para o Universo HQ.
Já sobre a construção de sua versão do planeta Krypton, Byrne declara que ele iria fazer o planeta com o visual parecido com o que ele tinha na Era de Prata, quem o aconselhou do contrário foi o também roteirista Dick Giordano, que ele precisaria refazer tudo, para que os novos leitores soubessem, já de antemão, que tudo era realmente novo.
Com isso em mente, Byrne criou um Krypton tão avançado que sua população ficou totalmente desprovido de sentimentos, além disso Krypton era agora um planeta estéril, onde a reprodução dos habitantes era realizada em Fertilização in Vitro.
Uma das coisas que o John Byrne se arrepende de ter feito um prologo mostrando Krypton no inicio da minissérie, na concepção dele, a história começaria com o Clark em uma partida de futebol americano (essa cena foi usada na primeira página do capitulo I: O Segredo), ele queria causar um certo suspense entre os fãs sobre se ele iria mudar mesmo tudo na origem do Superman.
Uma outra grande mudança no status quo do personagem, foi seu retorno ao Planeta Diário, já que na Era de Prata, Clark Kent era apresentador do telejornal do SGT (Sistema Galáxia de Televisão). Com isso o Clark teria mais liberdade para atuar como Superman, sem ter que queimar o cérebro em desculpas para abandonar o estúdio de TV.
A outra grande mudança na Mitologia do Superman foi em relação ao seu mais famoso Arqui-Inimigo, o inescrupuloso Alexander “Lex” Luthor, que de um cientista louco com delírios de grandeza, que nutria um ódio tremendo pelo Kal-El, ainda na época em que ele era o Superboy, o acusando de ser responsável por sua calvície, se tornou um empresário bilionário, influente e inescrupuloso de Metrópolis que continuava com delírios de grandeza. Nas palavras do próprio Byrne:
“Minha versão do Lex Luthor é uma mistura entre o Donald Trump, o Howard Hughes, o Ted Turner e, talvez, o próprio Lúcifer.”
Essa versão foi proposta, originalmente, pelo roteirista Marv Wolfman, que teria sido convidado para escrever Action Comics, que sairia logo após a minissérie “The Man of Steel”. No final dos acordos, Byrne acabou sendo responsável por todos os títulos.
A primeira edição da mini “The Man of Steel”, teria sido a primeira revista a superar, de acordo com estimativas da época, a marca de um milhão de exemplares vendidos desde a década de 1940.
Em cada uma das seis edições da mini foram estabelecidas ou, quando necessário reexplicadas, características importantes do Superman, que continuariam a ser exploradas nas histórias publicadas nos anos seguintes. Na versão do Byrne, Clark Kent teria cerca de 28 anos quando começa a atuar como Super-Herói.
Byrne tratou até de criar uma explicação para o fato do uniforme do Superman ser indestrutível, é dito que o corpo kryptoniano, banhado pela energia do nosso Sol amarelo, cria uma “Aura de  Bioeletricidade”, uma espécie de “Campo Bioelétrico” do personagem, que não apenas tornava-o mais resistente a danos (a explicação de sua invulnerabilidade), como também envolveria roupas coladas ao corpo, tornando-as igualmente mais resistentes. Byrne explicaria ainda como Superman podia se barbear ou cortar o cabelo, usando sua Visão de Calor.
Nas próximas semanas trarei mais informações desse período do John Byrne no Universo do Superman.
Até a próxima!

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  • Jwilder

    Sem dúvida uma obra atemporal e para mim definitiva.

    • Joselio Bezerra

      Concordo com você Jwilder, também amo essa fase.
      Muito obrigado pela visita e pelo comentário.