REVIEW DE BLUE BEETLE (SEM SPOILERS)
Nesse último fim de semana tive o prazer de assistir o mais novo longa da DC (graças a Rao esse filme me tirou o gosto ruim que “The Flash” deixou), o “Besouro Azul” (Blue Beetle), o primeiro filme solo de um super-herói latino produzido, estrelado pelo Xolo Maridueña e pela brasileira Bruna Marquezine.
O longa nos apresenta ao jovem e recém-formado Jaime Reyes, que ao retornar para casa, em Palmera City, cheio de expectativas, descobre que a vida de sua família não está tão fácil assim como ele pensava.
Para tentar ajudar sua família, Jaime sai em busca de um emprego, porém ele ver seus planos mudarem quando seu destino cruza com o da jovem Jenny Kord, interpretada pela Marquezine, que sem explicar nada lhe entrega um item que mudará para sempre a vida do Jaime, um estranho Escaravelho, uma relíquia ancestral de biotecnologia alienígena, que transforma a vida do jovem em um grande caos.
O Escaravelho acaba escolhendo o Reyes como seu hospedeiro, fundindo sua biotecnologia com o DNA do rapaz, com isso ele ganha uma armadura dotada de incríveis poderes.
Trazendo uma historia não muito densa, Besouro Azul é exatamente o longa que maior parte dos fãs estavam precisando nesse momento, sendo um novo começo para a DC nos cinemas, é possível afirmar que essa foi, sem duvidas, a melhor alternativa para o momento.
A trama nos mostra aquele famoso “arroz com feijão”, e mesmo assim consegue convence muito bem, tendo boas piadas nos momentos certos, excelente sequências de ação e até mesmo aquele romance bem clichê mas que a gente gosta, tudo isso entregue de uma forma que consegue nos convence.
A temática do núcleo familiar permeia a narrativa, tornando tudo ainda mais envolvente. O que é bom é que essa noção não se restringe a meros discursos sobre a força da união familiar, como vemos na franquia “Velozes e Furiosos” (The Fast and the Furious), aqui ela ganha uma profundidade real, materializando-se através das ações dos personagens que compõem a família Reyes, cada membro consegue desempenhar seu papel, de tal forma que consegue fazer com que o espectador crie um sentimento cativante e singular por cada um deles, contribuindo assim para que conseguimos ter um bom aproveitamento do filme.
E claro, temos que destacar o grande respeito com o qual a cultura latina foi retratada durante todo o filme. Seja nos momentos cômicos, cultural, familiar ou com momentos extremamente emblemáticos, é impossível você fazer parte da América Latina e não se identificar com o porque de tal situação, é mais que evidente que “Blue Beetle” contou com um grande cuidado por parte da direção do Angel Manuel Soto e do roteiro. Em uma entrevista Angel declarou que uma das coisas que ele queria era fazer com que o elenco ficasse o mais autêntico possível, explorando quase três gerações da família Reyes.
A atriz brasileira Bruna Marquezine, que deu vida a personagem Jenny Kord, filha do Ted Kord, que assim como nas HQs aqui também atuou como o Super-Herói Besouro Azul, deu uma aula de talento para o cenário internacional do cinema, cada uma das cenas protagonizada por Bruna se torna um triunfo coletivo para os brasileiros, suscitando aplausos e emoção em várias salas de exibição. A química dela com o Xolo, é algo inegável, palpável, adicionando camadas à trama.
alando agora da representatividade apresentada no longa, em “Besouro Azul” vemos como a riqueza da cultura latina é habilmente entrelaçada na trama, nos proporcionando um senso de familiaridade e pertencimento, temos no filme algumas referências que conseguem evocar memórias de infância e adolescência de muitos, especialmente de nos brasileiros, com por exemplo, novelas e séries de TV, menções que consegue adicionar um toque acolhedor ao filme.
Essa representatividade ativa no longa é um dos aspecto crucial que vemos. Esse aspecto também é aproveitado para abordar questões históricas, tais como exploração imperialista, fortemente evidente no roteiro e na representação visual dos personagens em determinados momentos.
Falando agora do Xolo Maridueña, ator vindo diretamente da série de sucesso “Cobra Kai” da Netflix, onde interpretou o Miguel Diaz, também não ficou para trás, ele nos mostrou um Jaime Reyes com um carisma e um amor pelo personagem contagiante, além de nos mostra que manteve seu alto nível de Karatê, Xolo também dá conta de salvar o mundo, conseguindo equilibrar o humor e o drama durante suas cenas. Esse novo Super-Herói tem uma pegada mais jovial, com um bom senso de humor e que promete conquistar o público.
Em entrevistas o Maridueña declarou:
“Viver essa jornada juntos é algo que nunca se viu antes em um filme de Super-Herói e isso é o coração desse filme. Latino ou não, ele transcende a etnia, a cor ou a pele porque é algo que pode se relacionar com todos. A parte mais excitante é que ele é assumidamente latino, mas todos entenderão os Reyes, todos entenderão o Jaime, simplesmente porque ele é parecido com as pessoas que interagimos no cotidiano e os problemas que ele enfrenta são os que nós já conhecemos.”
Sobre isso o diretor Angel Manuel Soto disse:
“Nós não somos um gênero e também não somos um modismo. É um filme de super-herói que calhou de ter um latino na vanguarda. É isso.”
O diretor ainda acrescentou mais tarde que gostaria que o filme iniciasse uma conversa que nos permitisse fazer parte de uma comunidade global e abraçar as diferenças uns dos outros de uma forma emocionante.
Posso garantir que, após assistir “Besouro Azul” você sai do cinema com a sensação de que finalmente podemos respirar aliviado, principalmente depois de termos (como fãs da DC) sofrido com toda aquela recepção, merecidamente, negativa com o lançamento de “The Flash”, a aventura solo do Jaime Reyes não é um filme 100% perfeito, porém ele se revelou um respiro de alívio que a DC precisava, ele tem uma fusão de leveza, representatividade e laços de família.
O diretor Soto nos deu uma produção que conseguiu fazer uma fusão de leveza, representatividade e laços familiares, enriquecida por sequências de ação envolventes e um equilíbrio harmonioso entre humor e drama. Como mencionado, ele possui uma abordagem inovadora dentro do universo da DC, porém, preservando simultaneamente a essência e coesão dramática que consegue nos apresentar uma abordagem inovadora dentro do Universo DC, sem perder a essência e coesão dramática, em outras palavras o filme cumpre a sua proposta de proporcionar aos espectadores toda a emoção e entretenimento que a jornada de um Super-Herói precisa.
Apesar de querer muito ainda não temos (até o momento em que esse texto está sendo produzido) uma confirmação, vinda do James Gunn ou do Peter Safran, se essa versão do Besouro Azul estará, ou não, dentro do novo DCU (DC Universo).
O filme nos oferece duas cenas Pós-Créditos, sendo que a primeira deixa claras pistas sobre a possibilidade de uma continuação, já a segunda é apenas um pequeno vídeo divertido, apesar de que, infelizmente, com a bilheteria que o filme está conseguindo, mesmo sendo um excelente produção, não deixa margem para uma continuação.